Cauby Peixoto, protagonista da Era de Ouro do rádio, torna-se Patrimônio Cultural Carioca

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Astro da Era de Ouro do rádio, o cantor Cauby Peixoto tornou-se, na noite desta terça-feira (30/4), Patrimônio Cultural Carioca, em cerimônia no Palácio da Cidade, na Zona Sul do Rio. A importância do artista para a história da cidade foi eternizada na tradicional placa azul do patrimônio, entregue pela presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), Laura Di Blasi, à dona Magali Peixoto, sobrinha do artista, e ao gerente executivo no Rio de Janeiro da AZO, construtora que adquiriu o edifício A Noite, Marcio Gonçalves Coutinho.

A placa em homenagem ao cantor será afixada no icônico edifício A Noite, da Praça Mauá, onde funcionou por décadas a Rádio Nacional, que lançou e impulsionou a carreira de sucesso de Cauby. Otávio Almeida, intérprete de Cauby, brindou os fãs do homenageado ao interpretar à capela “Molambo”, “Conceição” e “Blue Gardenia”.

– O IRPH tem esse projeto, que existe desde 1992. Nossas famosas plaquinhas azuis, já espalhadas aí pela cidade, que identificam locais, bens e personalidades importantes no cenário cultural do Rio. Essa ação visa valorizar e divulgar o patrimônio cultural carioca, promovendo conhecimento da história e o fortalecimento da nossa diversidade cultural. Nos reunimos para homenagear o grande Cauby Peixoto, considerado um dos mais versáteis e importantes cantores do Brasil e um dos protagonistas da Era de Ouro do rádio brasileiro, nomeado pela crítica como um cantor tecnicamente perfeito – comemorou Laura Di Blasi.

Também estiveram presentes à cerimônia o ator Diogo Vilela, que deu vida ao artista no teatro, Dalmo Medeiros, integrante do grupo MPB4, o jornalista Rodrigo Faour, autor da obra “Bastidores – Cauby Peixoto – 50 Anos da Voz e do Mito”, além de do historiador Ricardo Cravo Albin.

– Como historiador da música brasileira e, em especial, como cronista desta cidade, escrevendo semanalmente, eu acompanhei a chegada de Cauby ao reconhecimento popular nos anos iniciais da década de 50. A voz de puro cristal se impôs às paradas de sucesso daquela época. Paradas de sucesso de algum modo difusas, porque muito celebradas e muito requisitadas pelas músicas estrangeiras no seu geral, as importadas dos Estados Unidos, através da máquina cinematográfica e da máquina fotográfica. Mas Cauby se impôs com “Conceição” e com a versão de “Blue Gardenia”, do seu ídolo Nat King Cole – comentou Ricardo Cravo Albin.

O cantor agora é considerado patrimônio do Rio de Janeiro, pela sua importância artística para a cidade e para o Brasil, por divulgar o país no exterior, em sua consolidada carreira internacional. Cauby Peixoto é o segundo músico a fazer parte do Circuito da Música, ao lado de Renato Russo. O reconhecimento é feito pela Prefeitura do Rio através do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), responsável por preservar e conservar o patrimônio cultural material e imaterial do Rio de Janeiro.

O encontro foi aberto por uma pequena exposição, que exibiu figurinos de shows do artista no Brasil e fora do país, com itens como roupas, sapatos, microfone, que ajudaram a moldar a personalidade artística de Cauby, além de discos, livros e revistas, entre outros. Na cerimônia, também houve a exibição de um breve vídeo, com um pouco da história do artista e trechos de entrevistas. Estiveram presentes fãs e amigos, que prestaram homenagens ao cantor.

– Eu estou muito feliz, muito emocionada. Porque é o que a gente sempre quer, que lembrem da pessoa, porque a vida dele era a música. Ele viveu isso intensamente. Estou sempre a favor de qualquer coisa para celebrá-lo – emocionou-se Dona Magali.

Por toda a sua trajetória, Cauby Peixoto é considerado uma das vozes masculinas mais importantes da música brasileira, com uma vida artística de quase sete décadas de sucesso. O cantor se tornou o mais famoso do rádio ao entrar para o cast da Rádio Nacional, em 1954. Dois anos depois, lança seu maior sucesso, “Conceição”, a música mais famosa daquele ano. Em 1958, o artista se lança à carreira internacional, sendo noticiado como o “Elvis Presley brasileiro” pelas revistas Time e Life. Mesmo após o auge, lançou um de seus álbuns de maior sucesso, o LP “Cauby! Cauby!”, em comemoração aos 25 anos de carreira. Também conquistou o Grammy Latino, em 2007, de “Melhor Álbum de Música Romântica”, com o disco “Eternamente Cauby Peixoto – 55 anos de carreira”. Ele faleceu em maio de 2016.

Atualmente, o Patrimônio Cultural Carioca é composto por 22 circuitos, com 278 placas de bens culturais instaladas em diversos locais da cidade, separado por temáticas como: Literatura, Cinemas, Botequins, Bossa Nova, Samba, Herança Africana, Negócios Tradicionais, entre outros.