Um dos maiores festivais de dança do país, “O Corpo Negro” começa no próximo sábado, 29 de abril – Dia Mundial da Dança –, com apresentação gratuita de espetáculos criados e executados exclusivamente por artistas negros e negras. Realizado pelo Sesc RJ, o evento chega a sua terceira edição com mais de 90 apresentações, shows, mostra audiovisual, oficinas e debates, ao longo de um mês, selecionados por meio de um edital público.
“É a primeira vez que realizamos um edital orientado para artistas negros da dança. Mais do que uma ação afirmativa, que contribui para um ambiente justo e socialmente igualitário, o festival busca celebrar a contribuição desses artistas, em todo o país, para a dança. Durante um mês inteiro vamos parar unidades do Sesc no estado e mobilizar cidades para discutir dança e a urgência do combate ao racismo estrutural no setor cultural”, explica André Gracindo, analista técnico de Artes Cênicas do Sesc RJ.
A seleção dos artistas por meio de um edital afirmativo e inédito de dança para todo o Brasil tem o objetivo fortalecer o segmento, gerar empregabilidade e proporcionar um espaço de visibilidade para os seus trabalhos. Foram destinados R$ 690 mil às produções, selecionadas no ano passado. De acordo com Gracindo, o projeto quer ser o ponto de partida para mais protagonismo negro na cultura brasileira.
“Temos artistas de uma geração com grande relevância para a cena como Elísio Pitta, Mestre Manoel Dionísio, Carmen Luz, bem como jovens e outros profissionais de todo o país que produzem arte para os nossos tempos, com trabalhos completamente sintonizados com as questões dos nossos dias. Que essas experiências produzam novas consciências sobre os processos históricos e as nossas responsabilidades pessoais e coletivas com a transformação da sociedade contra o racismo nas suas manifestações cotidianas”, diz Gracindo.
O projeto colabora com as discussões sobre como o racismo estrutural passa pela e com a necessária implementação de ações coletivas de outros setores da sociedade. “Desde a reelaboração dos livros de história que não podem mais representar como heróis os algozes de todas as etnias escravizadas; até as ações no campo simbólico, como a representação positiva da imagem da pessoa negra na cultura e na sociedade de forma geral”, acrescenta o analista técnico de Artes Cênicas do Sesc RJ.
A programação se estende até 28 de maio nas cidades de Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Nova Iguaçu, Nova Friburgo, Petrópolis e Volta Redonda. Os espetáculos serão apresentados em cerca de 18 espaços desses municípios, entre unidades do Sesc, escolas e universidades e praças públicas. As obras são de nove grupos do Rio e de mais 3 estados: Bahia, Ceará e São Paulo.
A maioria dos espetáculos são inéditos no Rio, exceto Motiró, da Cia Favela, e o Manifesto Elekô, da Cia de Dança Clanm, que já se apresentaram em unidades do Sesc no estado. Todas as atividades são gratuitas, com a retirada antecipada dos ingressos nos espaços com lotação limitada. Confira a programação detalhada e as sinopses abaixo ou no site www.ocorponegro.com.br
Abertura – Neste sábado, 29/4, às 19h, o festival começa no Sesc Copacabana com a presença de alguns artistas da programação. A abertura terá a performance Ará Dudu, de Aline Valentim e Valéria Monã, em homenagem ao casal Carlos Negreiros, músico e líder da Orquestra Afro-Brasileira, morto no ano passado, e Isaura de Assis, uma das primeiras bailarinas e coreógrafas de dança afro do país, integrante do balé de Mercedes Baptista. O casal está na gênese da dança afro no Rio de Janeiro. A noite será encerrada com o show Mãe África de Awuré.
O festival terá ainda performance de Elísio Pitta, numa homenagem a Ismael Ivo, bailarino e coreógrafo negro, morto em 2021, e que se notabilizou atuando por mais de três décadas na Europa, além de ter dirigido o Balé da Cidade de São Paulo. A programação traz ainda a estreia do espetáculo Iyamesan, de Luna Leal, numa performance só com mulheres. Outro destaque é Repertório Nº 2, com Davi Pontes e Wallace Ferreira, que vem circulando mundo afora com esse trabalho.
Embora a ênfase seja na dança, o festival também terá uma programação paralela com outras linguagens. Pela primeira vez, haverá shows de música, com Awurê, na abertura, e Xande de Pilares, no encerramento.
Uma mostra audiovisual robusta também compõe a programação do evento, com 10 filmes de longas e curtas metragem, de cinco estados brasileiros: Rio, São Paulo, Minas, Bahia, Alagoas e Ceará. Ao todo serão mais de 40 exibições ao longo do evento.
Durante a mostra, será feito o lançamento do documentário Congar, produzido pelo Sesc RJ, e que registrou a viagem do Reinado de Nossa Senhora do Jatobá, de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, para apresentação no festival, no ano passado. O filme mostra diferentes gerações da irmandade, que levam consigo os seus ritos e celebram juntos a fé, a memória e o tempo.
Também serão oferecidas, durante a programação, oito oficinas de dança em espaços escolares. Destaque para as oficinas com o Mestre Manoel Dionísio, um dos maiores nomes do samba carioca, que vai ministrar aulas de mestre-sala e porta-bandeira nas unidades do Sesc em Ramos, Nova Iguaçu e Nova Friburgo. Também haverá cinco palestras com artistas e convidados, que vão discutir nas mesas pautas referentes à temática negra e a dança.
Encerramento – No 28 de maio, a partir das 14h, a Praça Mauá, no Centro do Rio, será palco do encerramento do festival com apresentação Sambando, com Minas do Samba, e O corpo que habita o terno, com Jefferson Bilisco. Haverá ainda a Feira de Empreendedores, que dará ênfase a empreendedores negros. O evento termina com show de Xande de Pilares, às 19h.
Por que “O Corpo Negro”?
Por meio das obras, o elenco do festival quer provocar na plateia o valor dos atos culturais brasileiros, elucidando as etnias e credos em diferentes âmbitos. Com força e expressões, “O Corpo Negro” verbaliza as fragilidades e emoções para além da discriminação racial, tendo o palco como ponto de fuga e resistência. O corpo é o ponto central de ataque dos mecanismos de racismo que coagem a sociedade, além de ser o espaço no qual estão as formas de construção das performances apresentadas no projeto.
“O corpo negro é, portanto, o lugar que apresenta todas as marcas históricas e todas as potências de transformação necessárias. O mesmo que se vê todos os dias, nas ruas, no trabalho, no cotidiano, queremos que seja visto de novas formas”, conclui André Gracindo.
PROGRAMAÇÃO:
UNIDADES SESC RJ
– Sesc Copacabana:
Noite de abertura | Performance Ará Dudu, com Aline Valentim e Valéria Monã, e o show Mãe África, de Awuré.
29 de abril | 19h | Teatro de Arena
Imalẹ̀ Inú Ìyágbà | espetáculo com Adnã Ionara
27 a 28 de maio | 20h30 | Mezanino
Manifesto Elekô | espetáculo com Cia de Dança Clanm
25 a 28 de maio | 20h | Teatro de Arena
Motiró | espetáculo com Cia Favela
4 a 7 de maio | 19h | Sala multiuso
Vala: corpos negros e sobrevidas | espetáculo com Cia Sansacroma
18 a 21 de maio | 20h30 | Mezanino
Rés | espetáculo com Corpórea Companhia de Corpos
4 a 7 de maio | 20h30 | Mezanino
Repertório N.2 | espetáculo com Davi Pontes e Wallace Ferreira
11 a 14 de maio | 19h30 | Sala multiuso
Procedimentos para desenhar uma coreografia | oficina com Davi Pontes e Wallace Ferreira
18 de maio | 14h às 17h
Repertório como recomendação para danças do futuro | espetáculo com Davi Pontes e Wallace Ferreira
19 de maio | 17h
Impermanência | espetáculo com Elísio Pitta
4 a 7 de maio | 20h | Teatro de Arena
Pedreira! | espetáculo com Kleber Lourenço
12 a 14 de maio | 20h | Teatro de Arena
Iyamesan | espetáculo de Luna Leal
18 a 28 de maio | 19h | Sala multiuso
Poemas Atlânticos | espetáculo do Núcleo Menos 1 Invisível
18 a 21 de maio | 20h | Teatro de Arena
Gente de lá | espetáculo de Wellington Gadelha
11 a 14 de maio | 20h30 | Mezanino
SETA + Vaga Carne | Sessão de cinema
6 de maio | 15h | Cine-Teatro
Congar | Sessão de cinema
9 de maio | 19h | Cine-Teatro
Pedreira | Sessão de cinema
13 de maio | 15h | Cine-Teatro
Negrum3 + A Rainha Diaba | Sessão de cinema
16 de maio | 19h | Cine-Teatro
Damas do Samba | Sessão de cinema
20 de maio | 15h | Cine-Teatro
Ilhas de Calor + Elegbará + Só Sei Sentir | Sessão de cinema
27 de maio | 15h | Cine-Teatro
Arte Sesc
Congar | Sessão de cinema
6 de maio | 17h | Auditório
Negrum3 + A Rainha Diaba | Sessão de cinema
13 de maio | 17h | Auditório
Ilhas de Calor + Elegbará + Só Sei Sentir | Sessão de cinema
27 de maio | 17h | Auditório
Centro Cultural Sesc Quitandinha
SETA + Vaga Carne | Sessão de cinema
16 de maio | 19h30 | Café Concerto
20 de maio | 17h | Café Concerto
Damas do Samba | Sessão de cinema
17 de maio | 10h | Café Concerto
Pedreira! | apresentação de Kleber Lourenço
18 de maio | 19h30 | Café Concerto
Motiró | apresentação da Cia Favela
19 de maio | 19h30 | Café Concerto
Sesc Madureira:
Motiró | apresentação da Cia Favela
20 de maio | 17h | Teatro
Sesc Niterói:
Introdução às bases das danças urbanas Hip-Hop | oficina om Douglas Barreto e Wagner Faria da Cia Favela
9 de maio | 14h
Motiró | apresentação da Cia Favela
10 de maio | 15h
Ilhas de Calor + Elegbará + Só Sei Sentir | Sessão de cinema
11 de maio | 16h30 | Teatro
Damas do Samba | Sessão de cinema
18 de maio | 18h30 | Teatro
Negrum3 + A Rainha Diaba | Sessão de cinema
25 de maio | 16h30 | Teatro
Sesc Nova Friburgo:
Damas do Samba | Sessão de cinema
10 de maio | 14h | Teatro
12 de maio | 19h | Teatro
Motiró | apresentação da Cia Favela
13 de maio | 20h | Teatro
Introdução às bases das danças urbanas Hip-Hop | Oficina com Douglas Barreto e Wagner Faria da Cia Favela
14 de maio | 9h
Oficina de Mestre Sala, Porta-bandeira e Porta-estandarte com Mestre Manoel Dionísio
17, 18 e 19 de maio | 18h
Congar | Sessão de cinema
26 de maio | 14h | Teatro
Ilhas de Calor + Elegbará + Só Sei Sentir | Sessão de cinema
26 de maio | 19h | Teatro
Sesc Nova Iguaçu:
Congar | Sessão de cinema
9 de maio | 9h30 | Teatro
SETA + Vaga Carne | Sessão de cinema
9 de maio | 14h | Teatro
Negrum3 + A Rainha Diaba | Sessão de cinema
9 de maio | 18h | Teatro
Damas do Samba | Sessão de cinema
11 de maio | 9h30 e 18h | Teatro
Ilhas de Calor + Elegbará + Só Sei Sentir | Sessão de cinema
11 de maio | 14h | Teatro
Dança Afro – O corpo da ancestralidade à contemporaneidade | Oficina com a Cia de Dança Clanm
12 de maio | 15h
Manifesto Elekô | apresentação da Cia de Dança Clanm
13 de maio | 19h | Teatro
Oficina de Mestre Sala, Porta-bandeira e Porta-estandarte com Mestre Manoel Dionísio
23, 24 e 25 de maio | 15h às 18h
Sesc Ramos:
Motiró | apresentação da Cia Favela
12 de maio | 19h | Sala multiuso
Introdução às bases das danças urbanas Hip-Hop | Oficina com Douglas Barreto e Wagner Faria da Cia Favela
11 de maio | 14h
Gente de lá | apresentação de Wellington Gadelha
6 de maio | 19h
Oficina de Mestre Sala, Porta-bandeira e Porta-estandarte com Mestre Manoel Dionísio
2, 3 e 4 de maio | 9h
SETA + Vaga Carne | Sessão de cinema
10 de maio | 15h
Ilhas de Calor + Elegbará + Só Sei Sentir | Sessão de cinema
17 de maio | 15h
Negrum3 + A Rainha Diaba | Sessão de cinema
23 de maio | 15h
Damas do Samba | Sessão de cinema
31 de maio | 15h
– Sesc São Gonçalo:
Repertório N.2 | apresentação de Davi Pontes e Wallace Ferreira
6 de maio | 19h | Teatro
Damas do Samba | Sessão de cinema
4 de maio | 10h | Sala de Audiovisual
Congar | Sessão de cinema
4 de maio | 14h30 | Sala de Audiovisual
SETA + Vaga Carne | Sessão de cinema
10 de maio | 16h | Sala de Audiovisual
Pedreira | Sessão de cinema
11 de maio | 10h | Sala de Audiovisual
Ilhas de Calor + Elegbará + Só Sei Sentir | Sessão de cinema
11 de maio | 14h30 | Sala de Audiovisual
13 de maio | 16h | Sala de Audiovisual
Negrum3 + A Rainha Diaba | Sessão de cinema
12 de maio | 19h | Sala de Audiovisual
ESPAÇOS PARCEIROS
Cefet/RJ – Maracanã
Introdução às bases das danças urbanas Hip-Hop | Oficina com Douglas Barreto e Wagner Faria da Cia Favela
18 de maio | 14h às 17h
Escola de Teatro Martins Pena
Repertório N.2 | apresentação de Davi Pontes e Wallace Ferreira
4 de maio | 19h | horário a definir
Escolas Públicas:
Facetas pretas | apresentação de Viviane Martins Ramos
Espetáculo exclusivo para grupos escolares fechados
Faculdade Angel Vianna
Processos criativos em dança negra contemporânea | Oficina com Elísio Pitta
9 de maio | 10h às 13h
Corpa Escritura: ensaio sobre corpos pretos e desobedientes | Debate com Gal Martins da Cia Sansacroma
22 de maio | 11h30 às 13h30
Dramaturgia em dança: a dança da indignação | Oficina com Gal Martins da Cia Sansacroma
23 de maio | 10h às 13h
UFF | INEAC
Rés negras, judiciário branco | Debate com Dina Alves da Companhia Corpórea de Corpos
2 de maio | 18h30
UFRJ | Campus Praia Vermelha | Escola de Comunicação
Repertório N.2 | apresentação de Davi Pontes e Wallace Ferreira
17 de maio | 20h | Sala Vianinha
UNIRIO
Corpo-matéria que pulsa: dissidências | oficina com Wellington Gadelha
8 de maio | 15h às 18h
Corpo brincante: o movimento no/do corpo | Oficina com Kleber Pereira
16 de maio | 18h às 21h
Poéticas Negras nas artes da cena: cruzos entre dança, teatro, performance | debate com Kleber Lourenço
17 de maio | 15h às 17h
ESPAÇOS PÚBLICOS
Memorial Arena Zumbi – Volta Redonda
Sambando | apresentação de Minas do Samba
19 de maio | 19h
Roda de samba | apresentação de Iya Mí Dunda
19 de maio | 19h
Malandro | apresentação de Jefferson Bilisco
19 de maio | 19 h
Negrum3 + A Rainha Diaba | Sessão de cinema
18 de maio | 19h
Praça Mauá – Rio de Janeiro
Sambando | apresentação de Minas do Samba
28 de maio | 14h
O corpo que habita o terno | apresentação de Jefferson Bilisco
28 de maio | 14h
Show de encerramento com Xande de Pilares
28 de maio | 19h
Praça Demerval Barbosa Moreira – Nova Friburgo:
Sambando | apresentação de Minas do Samba
24 de maio | 15h
No batuque do ziriguidum | apresentação de Ginga Brasil
24 de maio | 15h
O corpo que habita o terno | apresentação de Jefferson Bilisco
24 de maio | 15h