Partituras musicais disponíveis para todos

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O Musica Brasilis, mais importante instituição de resgate e disseminação de repertórios e obras musicais de compositores brasileiros, inicia o projeto de resgate e digitalização de 5.000 partituras de obras musicais raras e inéditas. Entre elas, todas as obras conhecidas de D. Pedro I e diversos outros compositores da época da independência, como José Maurício Nunes Garcia e Marcos Portugal. Serão incluídas na iniciativa obras do maior compositor brasileiro do século 19 – Carlos Gomes – além de outros compositores emblemáticos. As partituras poderão ser acessadas gratuitamente através do portal www.musicabrasilis.org.br

Os manuscritos, inacessíveis por falta de edições, serão editados graças ao patrocínio do Instituto Cultural Vale , apoio financeiro do BNDES, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com realização do Instituto Musica Brasilis, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.  Nesta nova fase do Musica Brasilis, iniciativa idealizada pela musicista e doutora em informática Rosana Lanzelotte, está previsto o resgate de repertórios inéditos ou cujas edições estão esgotadas.
“Essas parcerias são de extrema importância e vão nos possibilitar entrar em uma nova etapa de resgate do patrimônio musical brasileiro, grande parte do qual ainda é desconhecido devido ao difícil acesso às partituras musicais. Estima-se que 80% das obras ainda exista apenas em formato manuscrito, em arquivos espalhados por todo o país, que só podem ser consultados presencialmente”, revela Rosana Lanzelotte. 

O projeto Acervo Digital de Partituras Brasileiras pretende, ao longo dos próximos três anos, quadruplicar o atual acervo oferecido por meio do portal Musica Brasilis, que já é o canal de acesso a uma das  maiores coleções de partituras gratuitas de música brasileira. Totalmente bilíngue e acessível para portadores de necessidades especiais, o site conta atualmente com cerca de 1.700 partituras de mais de 300 compositores.
Para a seleção dos repertórios a serem resgatados, foi realizada uma consulta pública junto às instituições participantes do projeto, universidades, escolas de música e conservatórios, além de orquestras, bandas e colaboradores do Música Brasilis. A partir deste resultado, um conselho de curadoria independente fará a seleção final das composições. 

“Sendo um dos maiores legados culturais do Brasil, é contraditório imaginar que grande parte da produção de Villa-Lobos, Tom Jobim, Baden Powell não pode ser tocada porque as partituras não estão acessíveis para os músicos. E o que os músicos não podem tocar, o público não pode conhecer”, explica Rosana Lanzelotte. Além de disponibilizar as partituras digitais, o projeto prevê a realização de publicações com ênfase na questão da preservação digital, princípios FAIR e integração dos recursos digitais ao universo de dados conectados (Linked Open Data). Vídeos-cases e podcasts, difundidos através das redes sociais do Musica Brasilis – Facebook, Instagram e LinkedIn, que contam com mais de 10 mil seguidores, e o canal no YouTube, com cerca de 25 mil visualizações por mês. Para mais, o Musica Brasilis ainda desenvolverá gratuitamente recursos educacionais a partir dos repertórios resgatados. Planos de aula e conteúdos transversais entre música e história poderão ser utilizados por professores e alunos de todo o país.


Apoio e patrocínio do Instituto Cultural Vale

A nova empreitada do Musica Brasilis conta com aporte do Instituto Cultural Vale (ICV) por meio do projeto Resgatando a História, iniciativa que visa apoiar o patrimônio histórico estruturado pelo BNDES com parceiros privados. “Para o Instituto Cultural Vale, é uma honra patrocinar a digitalização de partituras de compositores de todo o país pelo Instituto Musica Brasilis. Ao possibilitar o acesso das pessoas a obras esgotadas e, também àquelas nunca antes editadas, levamos o patrimônio histórico brasileiro mais longe. Apoiamos e desenvolvemos projetos de proteção e fomento de bens culturais e suas memórias; e agora, como parte do Resgatando a História, ao lado do BNDES, reafirmamos este compromisso com o patrocínio a oito projetos que vão restaurar e revitalizar patrimônios e acervos, valorizando a nossa história e raízes, para compreender melhor o presente e lançar um olhar em perspectiva para o futuro”, afirma Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale.
O Instituto Cultural Vale parte do princípio de que viver a cultura possibilita às pessoas ampliarem sua visão de mundo e criarem novas perspectivas de futuro. Tem um importante papel na transformação social e busca democratizar o acesso, fomentar a arte, a cultura, o conhecimento e a difusão de diversas expressões artísticas do nosso país, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento da economia criativa. São mais de 200 projetos criados, apoiados ou patrocinados em 24 estados e no Distrito Federal. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org


Sobre o apoio e patrocínio financeiro do BNDES

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) dá apoio financeiro ao projeto para a  digitalização de partituras de compositores brasileiros. A estimativa é de que até 5 mil partituras estejam online até a conclusão do projeto, prevista para agosto de 2024. O projeto inovador e estruturante, o primeiro voltado à construção de um acervo digital na área musical, será piloto para políticas públicas que envolvam acervos memoriais digitais. O aporte do BNDES se dará na modalidade não reembolsável, com incentivo fiscal pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. Serão geradas partituras digitais a partir de documentos pertencentes a uma rede de onze instituições parceiras, dentre as quais estão a Biblioteca Nacional, a Biblioteca Alberto Nepomuceno/UFRJ e a Biblioteca do CCBB-RJ, cujos acervos somam cerca de 100 mil partituras, além do Centro Cultural São Paulo, com 12 mil.Fundado em 1952 e atualmente vinculado ao Ministério da Economia, o BNDES é o principal instrumento do Governo Federal para promover investimentos de longo prazo na economia brasileira. Suas ações têm foco no impacto socioambiental e econômico no Brasil. O Banco oferece condições especiais para micro, pequenas e médias empresas, além de linhas de investimentos sociais, direcionadas para educação e saúde, agricultura familiar, saneamento básico e transporte urbano. Em situações de crise, o Banco atua de forma anticíclica e auxilia na formulação das soluções para a retomada do crescimento da economia.


Parcerias 

A preservação digital perene das partituras digitais será assegurada por convênio com a Rede Cariniana – Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital – iniciativa do IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – órgão pertencente ao MCTI. O projeto colabora com a iniciativa Brasil em Concerto, do Ministério das Relações exteriores
(https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/projeto-brasil-em-concerto) e prepara os repertórios de D. Pedro I e Carlos Gomes que serão gravados em 2022 pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

Através da parceria com a iniciativa Wiki Movimento Brasil, será ampliado o alcance e o reuso das partituras digitais geradas pelo projeto, cujos pdfs serão transferidos para o Wikimedia Commons. Desde 2017, o Instituto Musica Brasilis conta com a cooperação da UNESCO para as suas ações.


Premiações

O Musica Brasilis foi escolhido pelo Comitê dos Jogos Olímpicos 2016 para realizar a primeira linha do tempo da música brasileira (https://musicabrasilis.org.br/timeline/). Entre as realizações mais importantes estão quatro edições de exposições interativas (youtu.be/7ipOSFV-WGU) e oito edições do Circuito BNDES Musica Brasilis, com mais de 100 espetáculos em 24 cidades de todas as regiões do país.